quarta-feira, 6 de julho de 2011

Norte de Minas celebrará o Dia dos Gerais

Medalha "Matias Cardoso", Edição 2009.

Lideranças do Norte de Minas defenderam, nesta terça-feira (28/6/11), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 21/11, que cria o Dia dos Gerais. A reunião foi realizada pela Comissão Especial criada para analisar a proposta, por solicitação de seu presidente, deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), como forma de subsidiar as discussões sobre o assunto.

O objetivo da PEC 21/11 é modificar a Constituição de modo a incluir o Dia dos Gerais, a ser comemorado a cada 8 de dezembro, entre as datas magnas do Estado. Nesta data, a Capital seria transferida simbolicamente para Matias Cardoso (Norte de Minas), como forma de reconhecer a importância histórica da cidade. Atualmente a Capital é transferida para Ouro Preto em 21 de abril (Dia de Tiradentes) e para Mariana em 16 de julho (Dia de Minas).

O primeiro signatário da PEC, deputado Paulo Guedes (PT), defendeu a aprovação da proposta como forma de valorizar a importância do Norte de Minas. "Que essa proposta sirva de inspiração para resgatar não só a verdadeira história de Minas, mas também tudo o que perdemos nos 300 anos de esquecimento por todos os governantes que passaram por este Estado", afirmou. A PEC 21/11 tem assinaturas de 34 parlamentares.

Para o relator da proposta, deputado Luiz Henrique (PSDB), será uma oportunidade de fazer um resgate histórico. "O dia 8 de dezembro é uma data de honra para todos nós, norte-mineiros", completou o deputado Tadeu Martins Leite, referindo-se à data de inauguração da igreja de Nossa Senhora da Conceição em Matias Cardoso. Os deputados Romel Anízio (PP) e Tenente Lúcio (PDT) também manifestaram apoio à aprovação da PEC 21/11.

A proposta de criação do Dia dos Gerais também recebeu apoio do prefeito de Matias Cardoso, João Cordoval de Barros; do presidente da Associação dos Magistrados, Bruno Terra Dias; da representante da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene, Beatriz Morais de Sá Rabelo Correia; e do juiz Roberto de Freitas.


Matias Cardoso é a cidade mais antiga do Estado


O município de Matias Cardoso é considerado o marco inicial da colonização de Minas Gerais. Os chamados currais do São Francisco começaram a ser ocupados por volta de 1660, antes mesmo da descoberta de ouro em Mariana, que se deu em 1696, segundo o antropólogo da Unimontes João Batista de Almeida Costa. Em pouco tempo o Vale do São Francisco, região então conhecida como campos gerais, passou a abastecer o Recôncavo Baiano com carne, peixe seco e farinha de mandioca.

Acredita-se que o arraial de Morrinhos (atual cidade de Matias Cardoso) tenha sido fundado pelo bandeirante de mesmo nome por volta de 1663. A igreja de Nossa Senhora da Conceição, a mais antiga do Estado, foi inaugurada em 8 de dezembro de 1695, e levou 30 anos para ser concluída. A construção tem paredes com um metro de espessura e furos que sugerem que ela era utilizada também como uma fortificação para proteger as barrancas do São Francisco. De acordo com o secretário-geral do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Jorge Lasmar, a igreja está em precário estado de conservação.

Juscelino e o prof. João Batista em Matias Cardoso.
Segundo João Batista de Almeida Costa, a escassez de alimentos na região das minas quase comprometeu a exploração do ouro na virada do século 18. Há relatos de cadáveres encontrados nas estradas com uma pepita de ouro em uma mão e uma espiga de milho na outra mão. "Uma vaca em pé chegava a custar dois quilos de ouro", ilustrou o antropólogo. Para acabar com a fome nas minas, em 1702 a Coroa Portuguesa proibiu os currais do São Francisco de vender carne para Salvador.

A capitania das Minas Gerais, unindo territórios pertencentes a São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, seria criada em 1720, como forma de aumentar o controle sobre a produção de ouro e coibir o contrabando. Os territórios na margem esquerda do São Francisco, que pertenciam a Pernambuco, só seriam incorporados a Minas Gerais em 1836. Foi uma retaliação do Império à tentativa de criação da Confederação do Equador, movimento republicano que teve origem no Recife.

A criação da capitania das Minas Gerais representa a integração entre as regiões das minas e dos campos gerais, segundo João Batista de Almeida Costa. "A articulação das duas regiões propiciou a consolidação da sociedade mineira. Minas Gerais é o coração simbólico do Brasil, pois congrega a síntese da diversidade brasileira", explicou.



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